Capítulo 35
Talita empalideceu: “Vovó, o que a senhora quer dizer com isso? Está me mandando embora?”
Isaura somriu: “Eu não tenho o costume de expulsar alguém da mesa no meio da refeição, o que eu quero dizer é que você não deve mais aparecer nos futuros jantares da família Rodrigues.”
A Isaura enfatizou as palavras “família Rodrigues” com especial severidade..
Talita parecia completamente perdida, com um ar de quem merece pena.
Nevio interveio imediatamente: “Vovó, a Talita nunca faltou a nenhum dos nossos jantares em família, por que de repente ela não pode mais participar?”
“Isso era antes, uma pessoa a mais ou a menos na mesa não fazia diferença, por isso eu não disse nada. Mas agora, a Daiana tem um conflito direto com ela, colocá–las juntas à mesa só irá provocar disputas, eu só quero evitar isso.”
Talita, com lágrimas caindo, disse: “Mas vovó, eu nunca pensei em provocar disputas com Daiana!”
Isaura olhou para ela: “Você não odeia Daiana?”
“Não odeio. Talita olhou para Daiana: “Porque eu sei Jacinto ficaria em uma posição difícil se eu a odiasse, e eu não quero causar problemas para ele.”
Isaura sorriu novamente e olhou para Daiana: “Dani, você a odeia?”
Daiana falou calmamente: “Odeio.”
Ela não podia fingir, nem queria.
“Talita não guarda ressentimentos contra você, que direito você tem de odiá–la!” – Nevio defendeu indignado: “Daiana, se você tivesse metade da bondade da Talita, essa tragédia não teria acontecido, ela não estaria em uma cadeira de rodas!”
Daiana tomou um gole de suco de laranja, sem dizer uma palavra.
Um ano atrás, ela explicou inúmeras vezes, mas além de Isaura, ninguém acreditou nela.
Ela já havia cumpridò pena, e agora, continuar explicando não tinha mais sentido.
“Qual é a sua atitude?” – Nevio, vendo seu ar de indiferença, ficou imediatamente furioso: “Pensei que você mudaria para melhor após sair da prisão, mas você ainda tem essa atitude, é desprezível!”
“Nevio, deixe–me perguntar a você.” – Isaura falou: “Se fosse você que tivesse sido empurrado escada abaixo, ficando paralítico numa cadeira de rodas, você odiaria essa pessoa?”
“Isso nem se pergunta!” – Nevio respondeu sem hesitar: “Eu definitivamente o mataria!”
“É isso mesmo, acredito que qualquer um odiaria.” – Isaura disse sorrindo: “Então você não acha que essa suposta bondade da Talita é um pouco falsa?”
O rosto de Talita alternava entre o vermelho e o branco, uma visão bem espetacular.
Nevio então percebeu, apressando–se em esclarecer: “Talita disse que perdoou Daiana porque ela não queria colocar meu irmão em uma situação difícil. Ela ama profundamente meu irmão e pode suportar qualquer coísa por meu irmão. Ela não é tão egoísta quanto
Daiana.”
Isaura sorriu levemente: “Nevio, quem é a pessoa que você mais ama neste mundo?”
*Claro que são os membros da minha família, vovó, meus pais, meu irmão.”
“Se fosse você que tivesse sido empurrado escada abaixo se tornando um inválido, não importa se fosse um estranho ou até mesmo os membros da sua família mais amados, você odiaria.”
Nevio ficou atônito, refletindo, mesmo os mais queridos seriam difíceis de não odiar.
“A vovó está certa, não está?” – Isaura disse sorrindo: “Pessoas, mais cedo ou mais tarde, mostram um lado egoísta. Eu não acredito que exista tal santo no mundo, que seja incapaz de se levantar e ainda assim sorri dizendo que perdoa. Isso é muito falso.”
As lágrimas de Talita continuaram a fluir: Vovó, a senhora pode não gostar de mim, mas não pode me difamar assim, eu realmente não sou como a senhora descreveu.”
“Verdadeira ou falsa, eu não quero investigar, nem estou interessada, mas você trouxe dias turbulentos para a familia Rodrigues, e isso é sua culpa.” – O rosto de Isaura ainda mantinha um sorriso, mas seus termos eram incontestáveis: “Você não carrega o sobrenome Rodrigues, nem é parente da familia Rodrigues, eu não permitir sua presença nos jantares familiares privados é completamente justo e razoável.”
